Quando aos 22 minutos do primeiro tempo Vinicius Júnior viu a bola sobrar na frente de Ter Stegen e não conseguiu concluir, era o prelúdio do que viria depois. Ou melhor, do que não viria: o gol.
Se existisse uma forma de ganhar o jogo somando os pontos por passes, chances criadas, roubadas de bola, coberturas, marcação… estaríamos agora comemorando a classificação. Que partida espetacular fez Sergio Reguilón! Que jogo estupendo fez Vinicius Júnior! Benzema na regência abrindo espaços! Casemiro na cobertura e em passes magistrais! Varane e Ramos! Carvajal primordial, Toni Kroos deu até carrinho e Luka Modric achava coelhos na cartola! Até Lucas Vázquez, tão criticado, deixou o campo sem dar aos torcedores ter o que reclamar…
Mas não é disso que se trata o futebol, é sobre gols, sobre balançar as redes, sobre aqueles pequenos instantes que valem uma classificação.
Dessa vez não é decepção, é tristeza. Não há uma explicação lógica para o que aconteceu nesta noite no Santiago Bernabéu. Concluímos mais, criamos mais chances, marcamos perfeitamente na primeira etapa, roubamos mais bolas, controlamos a partida com e sem a posse, fomos melhores em tudo, … até que Dembélé escapou uma vez e foi suficiente para a assistência que derrubaria o castelo de cartas.
Tão fácil pra eles, tão difícil pra gente. Primeiro chute e o gol. Muitos balançavam a cabeça repetindo “eu já sabia, é sempre assim” – temos aptidão em controlar o jogo contra os culés e levar um gol que desmorona tudo. Outra parcela da torcida olhava para os céus como se esperasse uma explicação lógica para o inexplicável.
Detesto a expressão “o futebol deve algo ao fulano”. Tolice. Não é sobre justiça, é sobre gols! Não se pode dizer que quem venceu nas regras venceu injustamente. Você pode ganhar uma Libertadores jogando por uma bola, como o Corinthians do Tite em 2012. Você pode ganhar uma Eurocopa fazendo somente o necessário como Portugal em 2016 e a Grécia em 2004. Vence quem marca mais gols, não importa como.
Eliminados, ficamos com o gosto amargo do café sem açúcar na boca. Com a La Liga praticamente decidida, só o que nos resta, de novo, é a Champions League. Lá, somos nós que aproveitamos a única chance, que decidimos em uma bola, que fazemos o adversário balançar a cabeça incrédulo. Enquanto eles fazem monarquia na Copa do Rei, nós temos uma Dinastia para manter na Europa.