O meia Luka Modric foi entrevistado na noite desta segunda-feira (5) pelo programa de rádio El Partidazo de Cope. O camisa 10 do Real Madrid falou abertamente do seu passado na Croácia na época da guerra quando perdeu seu avô, comentou sobre a saída de Gareth Bale, polêmicas envolvendo o VAR e principalmente sobre o seu futuro dentro de campo e seus projetos para quando parar.
O contrato de Modric com a equipe merengue termina em junho de 2021 e por enquanto, as conversas por uma possível renovação estão paradas. Mas se depender do croata, ele estará presente por mais algumas temporadas vestindo a camisa do Real Madrid.
“Claro que quero continuar no Madrid, eu gostaria, mas não depende só de mim, também do clube. Me sinto bem e creio que tenho futebol pra ser importante. Claro que eu gostaria, mas depende do que o clube e o treinador quererão de mim. Meu desejo é terminar minha carreira no Madrid e se possível renovar. Não quero ser um problema pro Madrid nem pro treinador. Temos uma boa relação e tenho certeza que vamos chegar a um acordo se eu fico ou vou a outro lugar. O Madrid é minha casa, minha nona temporada e estou muito feliz. Vamos ver o que acontece. Não sei o que vai acontecer, não gosto de falar de hipóteses. Ainda não falei com o presidente”, destacou.
Confira tudo dito pelo croata:
Partida contra o Levante: “O importante é que ganhamos. Em quatro partidas ganhamos dez pontos e é isso que conta. Ainda não estamos mostrando nosso melhor futebol, era importante começar bem e ganhar pontos.”
Vinicius Jr: “Tem um talento enorme e tem que trabalhar cada dia mais. Não tem que olhar para Ansu (Fati) nem ninguém, mas para ele mesmo e melhorar o que tem que melhorar. Tem um talento impressionante e vai mostrar nas partidas.”
VAR: “Antes diziam que não tinha VAR e por isso nos ajudavam. O Madrid vende muito para mal e para bem, e as vezes nos criticam demais, sem sentido. Tem muitas reclamações do VAR, mas me diga uma decisão que não era certa a nosso favor. Todas as decisões do VAR com a gente foram corretas, e critica o VAR. O VAR faz o futebol mais justo, ainda que tem coisas a melhorar. Quando o VAR atua contra o Madrid não se fala nada. Tem muitas partidas que não nos marcaram pênaltis e decisões contra a gente e não se falava tanto. Eu não gosto de falar dos árbitros, mas tem erros e isso tem que arrumar, mas isso de que o VAR ajuda o Madrid não é certo.”
Sua infância: “Eu tinha uma relação incrível com meu avô, pois meus pais trabalhavam e eu passava muito tempo com ele. Foi muito triste o que aconteceu, me marcou já que eu era muito jovem e ele era uma pessoa muito importante. Me afetou muito. Eu ainda era pequeno e não entendia o motivo de algumas coisas. Tenho umas coisas gravadas, como foram o buscar, iam com seus animais e sempre voltava no mesmo horário. Foram o buscar e eu não sabia iam o encontrar. Foi uma situação muito triste para todos, mas sobrevivemos. Tenho grandes recordações dele, é uma pena que não tenha visto tudo que tenho jogado, mas creio que ele tenha visto lá de cima.”
“Depois que isso aconteceu fomos para Zadar, ali nos colocaram em um hotel com outros foragidos. Eu tinha seis anos e vivia com meus pais e uma irmã pequena. Nós quatro vivíamos em 20 metros quadrados. Não posso dizer que minha infância não foi feliz, era dura, mas lembro da alegria. Havia muitas crianças e na frente do hotel jogávamos futebol e podíamos não pensar no que acontecia ao nosso redor.”
“Em geral as bombas caíam a cem metros e tínhamos que correr para o bunker antes de voltar a treinar ou ir pra casa. Não chorava, sabíamos que estava passando algo ruim, mas havia muita gente e as crianças jogavam quando podíamos. Tem um pouco de medo, sempre aguarda que o pai volte pra casa, mas não tinha medo, só queria que os meus estivessem bem.”
Bale: “Jogamos quase toda carreira juntos, quatro anos no Tottenham e sete aqui. É um tio espetacular, tímido como eu. Oque se diz sobre ele não é justo, o julgam pelos últimos anos, mas o que ele fez no Madrid é impressionante. Sempre será lembrado pelo que fez pelo clube. Nunca teve um problema no vestiário. Falava espanhol, não falava nas entrevistas, mas falava com a gente. É certo que nos últimos anos saíram muitas coisas e esqueceram o que ele fez, mas no futuro lembrarão que foi um jogador incrível pro Real Madrid. Cada um tem seu comportamento, mas Bale é assim. Não se associava muito, mas no vestiário estava muito bem. Sinto pena que esqueçam tudo em um ano e pouco.”
Hazard: “Não é uma situação confortável para ele. É um dos melhores do mundo, é incrível, tenho certeza que vai mostrar isso esse ano se evitar as lesões. É uma pena, pois necessitamos dele, mas vai demonstrar o motivo do Madrid ter investido tanto nele.”
A idade: “Apesar dos 35 anos me sinto muito bem e creio que posso seguir nesse nível mais dois anos.”
Contratação pelo Real Madrid: “Várias equipes me chamaram, mas quando o Madrid me chamou, o resto não importava. Não queria escutar ninguém mais, era só o Real Madrid e fiz todo o possível pra chegar aqui. Não fui uma contratação fácil, pois foi preciso muito, mas nós fechamos e ficamos muito felizes”.
Aposentadoria: “Vamos ver onde queremos viver, mas falando com a minha mulher e com meus filhos Madrid encanta e a gente gostaria de ficar aqui quando acabar a minha carreira. Se eu tivesse que decidir agora seria Madrid.”
Mourinho: “Foi chave na minha contratação no Real Madrid. Uma pena ter estado com ele só um ano, pois é um treinador muito grande e demonstrou isso na sua carreira. Sempre serei grato a ele. É duro, mas sempre vai pra frente, eu gosto de pessoas honestas.
Zidane: “É um treinador de primeiro nível, o que fez com a gente é irrepetível, pois não sei se alguém poderá repetir. As pessoas ainda não o apreciam como treinador, sempre o questiona, mas é um dos melhores. Com esperança todo mundo pensa que é irretocável no Madrid. Sem equívoco é perfeito. Na televisão e na rádio se escuta muitas críticas e tudo se pode criticar, e se pode fazer, mas tem coisas que não tem sentido. É um técnico espetacular, tem suas ideias claras e sua forma de se encaixar com a dos jogadores. Pode ficar muito mais anos no Madrid, como Ferguson ou Wenger na Inglaterra.
Ancellotti: “É um treinador espectador e uma pessoa ainda melhor. Tivemos dois com ele, ganhamos Champions e Copa jogando um bom futebol. Me tratou bem e as vezes nos falamos.”
Benítez: “Muito bom treinador, mas as coisas são saíram muito bem no Madrid. Assim é o futebol. Nem todos os treinadores chegam em uma equipe e tem sucesso. Não teve nenhum problema com ele. De fora aconteceu muita coisa no treinamento, mas não é nada, não o levamos a mal.”
Messi: “Eu gostei que ele tenha ficado no Barcelona, é um bônus pra LaLiga. A gente nem falou desse tema, mas fico feliz que ele fique, pois, como jogador você sempre quer jogar contra os melhores.”
(Foto: David S. Bustamante/Soccrates/Getty Images)