Espanha e Alemanha protagonizam um dos melhores jogos da primeira fase, terminam em igualdade e deixam drama para a rodada final
Espanha e Alemanha se enfrentaram pela segunda rodada da fase de grupos da Copa do Mundo e empataram em 1 a 1. Em um dos melhores jogos do torneio até aqui, os times travaram um embate tático muito interessante, onde a Espanha buscava dominar os espaços a partir da bola, e a Alemanha atacava seu adversário sem a bola com sua pressão intensa e agressiva, acelerando ao recuperar a bola.
O jogo começou com uma Espanha dominante, que circulava a bola como queria e sempre encontrava espaços na defesa alemã. No entanto, à medida que o tempo passava, a Alemanha se encontrou em campo, acertou a marcação e começou a dificultar a saída de bola e a circulação ofensiva espanhola, castigando seus adversários nas transições ofensivas. Em um dos ataques em velocidade, a Alemanha conseguiu uma jogada de bola parada e abriu o placar com Rüdiger. No entanto, o zagueiro madridista estava impedido.
O segundo tempo marcou uma Alemanha melhor, mas que acabou saindo atrás no seu melhor momento do jogo, quando o ex-Real Madrid Álvaro Morata abriu o marcador para a Espanha com 17 minutos da segunda etapa. Desse modo, os alemães foram obrigados a se lançar ao ataque e conseguiram boas chances, mas só aproveitaram aos 83 minutos de jogo quando Füllkrug recebeu uma bola após um contra-ataque da Alemanha e bateu forte para empatar. Os minutos finais foram dramáticos, com uma leve superioridade alemã, mas nenhum time conseguiu tirar o empate do placar.
Desse modo, toda a definição do grupo ficará para a rodada final. A Espanha é a líder, com 4 pontos, seguida por Japão e Costa Rica, ambos com 3. A Alemanha é a lanterna, com apenas 1 ponto. Na próxima rodada, a Espanha enfrentará o Japão e a Alemanha enfrentará a Costa Rica.
Escalações
Hansi Flick promoveu várias mudanças no time titular da Alemanha e, para espelhar a Espanha, saiu de uma estrutura que parte de um 4-2-3-1 para um 4-3-3, encorpando assim o meio de campo. As mudanças alemãs já começaram na defesa: Neuer continuou como titular, mas Flick tirou Schlotterbeck para a entrada do lateral-direito Thilo Kehrer. Desse modo, Süle foi compor a zaga com Rüdiger, e Raum completava a linha defensiva pela lateral-esquerda. No meio de campo estava a maior mudança: Kimmich e Gündoğan repetiram a titularidade e ganharam a companhia de Goretzka, formando um trio de meio-campistas. No ataque, Gnabry e Musiala começaram pelos lados e Müller foi o escolhido para atuar mais por dentro, tirando Havertz do time titular.
A Espanha, por sua vez, não fez muitas mudanças em relação ao time que goleou a Costa Rica na primeira rodada. Unai Simón continuou sendo o titular no gol, e a única mudança na linha defensiva foi a saída de Azpilicueta da lateral-direita para a entrada de Carvajal. A zaga continuou sendo formada pelo volante Rodri ao lado de Laporte, companheiros de Manchester City, e Jordi Alba também manteve sua titularidade pela lateral-esquerda. O meio de campo não sofreu alterações, e o trio do Barcelona Busquets, Gavi e Pedri foi titular pela segunda partida seguida na Copa do Mundo. O ataque também continuou o mesmo, e o madridista Asensio foi acompanhado por Ferrán Torres e Dani Olmo.
Táticas iniciais
O jogo seria o palco do duelo entre dois estilos que marcaram o futebol europeu na última década: a escola espanhola do Jogo de Posição e o estilo alemão de pressão, gegenpressing e contra-ataque. Assim, o cenário do jogo se desenhou com uma Espanha que tinha a bola e uma Alemanha que marcava agressivamente e, com a bola, buscava o gol o tempo todo.
A Espanha atacava em um 2-3-2-3: os dois laterais fechavam e se alinhavam ao primeiro volante, enquanto os meias avançavam para encostar nos atacantes. Os dois pontas abriam e o atacante central se movimentava bastante para confundir os zagueiros alemães. O ataque espanhol partia dos princípios do Jogo de Posição. Luis Enrique espaçava bastante seus jogadores e os colocava em posições bem definidas, mantendo a estrutura de 2-3-2-3. Assim, a Espanha dominava os espaços do campo de ataque. A partir disso, os jogadores recebiam a bola em sua posição (sem sair dela) e só aí poderiam agir. Esse mecanismo permitia que a Espanha acionasse sempre um jogador livre às costas de um defensor alemão, já que a circulação de bola forçava a Alemanha a mover seu bloco defensivo, criando espaços. Desse modo, a Espanha buscava dominar a posse de bola.
A Alemanha, por sua vez, não fazia questão de dominar o jogo a partir da posse como no jogo contra o Japão. A estratégia de Hansi Flick lembrava muito a Seleção Alemã de 2010: um time que marcava agressivamente, com uma linha alta, para recuperar a bola no campo de ataque e atropelar seu adversário em transições. Para isso, a Alemanha partia de um 4-2-3-1: Gündoğan, na posição de “camisa 10”, marcava Busquets. Kimmich, volante pela direita, marcava Pedri, meia pela esquerda. Goretzka, volante pela esquerda, marcava Gavi, meia pela direita. Os pontas alemães fechavam as linhas de passe para os laterais espanhóis, e Müller marcava os zagueiros. A Alemanha promovia uma marcação agressiva e alta, e sempre aceleravam as jogadas quando recuperavam a bola.
Começo de jogo com Espanha superior
O início do jogo mostrou duas seleções bem cautelosas, que trabalhavam bem suas jogadas e evitavam riscos que pudessem ceder a bola ao adversário. A Espanha mantinha a maior parte da posse de bola, atacando a partir de seu Jogo de Posição: espalhando bem seus jogadores para dominar os espaços do campo e, a partir do domínio dos espaços, dominar a bola. A Alemanha, por sua vez, marcava a Espanha de uma maneira bem agressiva, com a linha alta, e sair em contra-ataque ao recuperar a bola.
Ambas as seleções conseguiram boas chances antes dos 10 minutos de jogo. A primeira foi a Espanha que, ao circular bem a bola perto da área alemã, conseguiu espaço para uma bela finalização de Ferrán Torres por volta dos 5 minutos. O jogador do Barcelona bateu forte, mas Neuer fez uma bela defesa e conseguiu desviar a bola, que ainda bateu na trave antes de sair para escanteio. Pouco depois, já aos 9 minutos, a Alemanha conseguiu seu primeiro contra-ataque promissor, deixando Gnabry cara-a-cara com o gol e forçando uma bela defesa de Unai Simón. No entanto, o bandeirinha já havia marcado impedimento do atacante do Bayern.
O jogo se desenrolava com uma Espanha superior, que conseguia sufocar os contragolpes alemães e que dominava o jogo com a bola. Além disso, ataque posicional espanhol dava muitos problemas aos defensores da Alemanha, que não conseguiam marcar os pontas adversários sem deixar espaços por dentro. Sempre havia uma sensação de “cobertor curto”, pois sempre havia algum atacante espanhol livre. A partir dos 20 minutos, porém, a Alemanha acertou a marcação da saída de bola da Espanha, que começou a ter mais dificuldades de acionar seus jogadores ofensivos em boas posições. Assim, o jogo começou a ficar mais equilibrado.
Alemanha cresce no desenrolar do primeiro tempo
À medida que o tempo passava, a Alemanha parecia se encontrar em jogo. Ainda tinha menos posse de bola, mas começou a encaixar melhor a marcação alta e, assim, limitava a participação ofensiva da Espanha. Além disso, o time de Flick também conseguiu recuperar mais bolas e a armar melhor seus ataques, começando a levar perigo para o gol de Unai Simón.
Com o crescimento da Alemanha no jogo, ficou claro o excelente trabalho sem a bola da Espanha de Luis Enrique. Os espanhóis pressionavam os alemães muito bem, bloqueando a saída de bola e forçando Neuer a tentar bolas mais longas para os atacantes. Além disso, a contrapressão espanhola também era muito bem executada: ao perder a bola, a Espanha conseguia pressionar e recuperar rapidamente a bola, sufocando os contragolpes alemães. Por fim, a marcação alta da Alemanha deixava muitos espaços nas costas da defesa, e a Espanha começou a explorar isso quando conseguia superar a pressão alemã, acionando seus atacantes em velocidade.
Foi assim que os espanhóis conseguiram mais uma bela chance: os defensores conseguiram passar pela primeira linha de marcação da Alemanha e acionaram Dani Olmo atacando as costas da defesa em velocidade. O jogador do RB Leipzig cruzou rasteiro para Ferrán Torres que, sozinho contra Neuer, bateu forte demais e mandou a bola por cima do gol.
Pouco depois, a Alemanha também conseguiu uma bela chance: os alemães começaram a armar um bom contra-ataque quando Goretzka acionou Gnabry, que sofreu uma falta de Jordi Alba. Na cobrança, Kimmich lançou e Rüdiger, sozinho, marcou de cabeça. No entanto, o zagueiro estava impedido e o gol foi anulado. Já nos acréscimos, a Espanha também teria uma boa chance a partir da bola parada, mas não conseguiu marcar. Assim, o primeiro tempo terminou com 0 a 0 no placar. O jogo era marcado por um cenário equilibrado e pelo choque de dois estilos que marcaram a última década do futebol europeu.
Volta para o segundo tempo e gol da Espanha
Os times voltaram do intervalo sem alterações, e com um cenário bem parecido ao do final do primeiro tempo. A Espanha continuou sendo o time que mantinha a maior posse, mas a marcação alemã deixava o time de Luis Enrique desconfortável com a bola. Assim, a Alemanha conseguia recuperar a bola em situações perigosas e levava perigo à defesa espanhola com jogadas em velocidade. A partir disso, a Seleção Alemã conseguiu a primeira chance de gol do segundo tempo. Com a marcação alta, a Alemanha forçou um erro na saída de bola espanhola quando Kimmich desarmou Pedri na entrada da área. Gündoğan passou a bola para Müller, que a devolveu para Kimmich. O volante bateu para o gol na altura da marca do pênalti, mas Unai Simón fez uma bela defesa e mandou a bola para escanteio.
Com 8 minutos do segundo tempo, Luis Enrique tirou Ferrán Torres e colocou Morata, ex-Real Madrid, em campo. Assim, Asensio saiu do comando de ataque e foi para a ponta-direita, deixando a posição de 9 para Morata. Essa substituição promoveu uma mudança interessante no ataque espanhol. Ao tirar Asensio do centro e colocar Morata, a Espanha trocava um atacante de circulação e armação por um de infiltração e aceleração. Desse modo, o ataque espanhol perdia em mobilidade, mas ganhava em ameaça em profundidade e presença de área.
Foi essa característica que deu a vantagem no placar à Espanha. Após uma troca de passes, Dani Olmo passou para Jordi Alba na ponta esquerda. O lateral do Barcelona cruzou rasteiro e Morata antecipou a jogada e bateu Süle para chegar à bola e marcar o gol.
Mais substituições e Alemanha se lança ao ataque
Aos 20 minutos do segundo tempo, a Espanha tirou Asensio e Gavi para a entrada de Koke e Nico Williams. Pouco depois, a Alemanha fez suas primeiras alterações. Gündoğan saiu para a entrada de Füllkrug, Müller saiu para a entrada de Sané e Kehrer saiu para a entrada de Klostermann. Desse modo, Flick armava a Seleção Alemã com 2 volantes e 4 atacantes: Kimmich e Goretzka eram os volantes e Musiala, Gnabry, Füllkrug e Sané formava a linha ofensiva.
Depois do gol tomado, a Alemanha se lançou para o ataque para tentar o empate, e conseguiu duas boas chances assim. A primeira foi em um cruzamento rasteiro que Füllkrug tentou se antecipar, mas acabou dividindo a bola com Rodri e conseguindo um escanteio. Logo depois, Musiala foi acionado sozinho na área, mas Unai Simón conseguiu mandar a bola para a linha de fundo com uma bela defesa.
A Espanha aproveitava o desespero alemão e jogava com o relógio a seu favor. Desse modo, a Seleção Espanhola não se importava em marcar mais baixo e esperar a Alemanha, para sair em contra-ataque ao recuperar a bola e aproveitar a defesa exposta do adversário.
Gol da Alemanha e minutos finais
Por volta dos 35 minutos do segundo tempo, logo depois da última substituição da Espanha (quando Jordi Alba saiu para a entrada de Baldé), a Alemanha conseguiu empatar o jogo e encher de emoção os minutos finais. Os espanhóis tinham dificuldade para sair jogando frente à marcação alta alemã e, por isso, forçaram um passe arriscado para Pedri. Klostermann, que tinha acabado de entrar, antecipou a jogada e cortou o passe. O lateral avançou com a bola e passou-a para Sané, que levou para dentro e acionou Musiala na entrada da área. O jovem meia driblou Rodri e a sobra ficou para Füllkrug que, dentro da área, bateu com força e empatou a partida.
Depois do gol, a Alemanha fez suas duas últimas alterações: Flick tirou Gnabry e Raum para colocar Hoffman e Schlotterbeck. Hoffman entrou para jogar pela ponta-esquerda e Schlotterbeck, pela lateral-esquerda, atuando como um terceiro zagueiro no momento de saída de bola.
O empate da Alemanha deu ao jogo um cenário de “trocação”, onde ambos os times se lançavam ao ataque, deixando espaços para o adversário. Desse modo, o jogo começou a ter um ar de “vai e volta”, pois um time atacava, perdia a bola e dava espaços para o outro atacar, e assim sucessivamente. Esse cenário favoreceu a Alemanha que tem jogadores mais acostumados a esse tipo de jogo, e a Mannschaft conseguiu uma bela chance no último lance do jogo. Schlotterbeck recuperou a bola no ataque e acionou Sané em velocidade. O atacante entrou na área e driblou Unai Simón, mas errou na força do drible e perdeu o ângulo para bater.
Ficha técnica
Espanha 1×1 Alemanha
Data: 27 de novembro de 2022, domingo
Local: Al Bayt Stadium, Al Khor (QAT)
Gols: Morata 62′ | Füllkrug 83′
Espanha: Unai Simón; Carvajal, Rodri, Laporte, Jordi Alba (Baldé); Busquets, Gavi (Koke), Pedri; Ferrán Torres (Morata), Dani Olmo e Asensio (Nico Williams). Treinador: Luis Enrique.
Alemanha: Neuer; Kehrer (Klostermann), Süle, Rüdiger, Raum (Schlotterbeck); Kimmich, Gündoğan (Füllkrug), Goretzka; Gnabry (Hoffman), Müiler (Sané) e Musiala. Treinador: Hans-Dieter Flick.