Brasileiro Didi foi o primeiro jogador negro a vestir a camisa do Real Madrid e a vencer a Champions
Após a Copa do Mundo de 1958, o Brasil se sagrou campeão pela primeira vez contra a Suécia. Apesar do sucesso de Edson Arantes do Nascimento – ou Pelé – e Mané Garrinha, Didi, meio-campista da equipe despertava o interesse do futebol europeu, inclusive do Real Madrid.
Primeiramamente, vale destacar que, antes mesmo da Copa do Mundo começar o Valencia e o Barcelona tentaram tirar o craque do Botafogo, mas sem sucesso.
Didi já havia se destacado em clubes menores do Rio de Janeiro até chegar ao Fluminense e ser campeão carioca em 1951.
No Botafogo, foi contratado por 1,85 milhões de cruzeiros e venceu o estadual de 1957. Na visão dos espanhóis, o “folha seca”, como era conhecido, foi um Xavi dos anos 50. Não corria, mas armava o jogo e tinha números incríveis para um meia.
Por clubes, foram 313 partidas e 113 gols; já pela Seleção Brasileira soma 74 jogos e balançou a rede 21 vezes. O Real Madrid conseguiu trazer o craque para atuar ao lado de Alfredo Di Stéfano, por 80 mil dólares.
Trajetória pelo Madrid
Em sua despedida do Brasil, o jogador foi cercado por jornalistas e repórteres, assim como na Espanha. Logo na pré-temporada comandou um 6 a 3 contra o Milan e marcou contra o Barcelona, chegando também a dar uma assistência.
Com isso, foi eleito o melhor jogador da competição. A expectativa foi grande para sua temporada, que infelizmente não teve o mesmo sucesso. Aos 30 anos, permaneceu apenas uma temporada, sendo campeão da Champions League, segundo o site oficial do Real Madrid.
Possíveis problemas com Di Stéfano
Pelo clube merengue, foram 19 jogos e seis gols. Sobre o fracasso na Espanha existem algumas versões, mas nenhuma confirmada. Didi construiu uma grande amizade com Ferenc Puskás, mas seu sucesso incomodava Alfredo Di Stéfano.
Todavia, a irritação do argentino fez com que Santiago Bernábeu, quem trouxe o brasileiro, escolhesse um lado e fazendo com que Didi perdesse espaço no time. Alfredo desmente a versão.
“Eu conto uma história, e ele conta outra história. Para falar de uma pessoa têm que estar os dois presentes. Eu digo uma coisa, você outra e, aí, as coisas se aclaram. Você me pergunta de Didi. Pois digo que, aqui, Didi foi tratado muito bem. Vou te contar uma coisa: Didi veio a Madri num inverno do c… e não comprou um casaco. Ponto. Não me pergunte mais”, disse o ídolo do Real Madrid.
Outra hipótese, é que o jogador não se adaptou ao clima da Espanha e a cultura do futebol europeu. Após a frustração fora do Brasil, seu retorno ao Botafogo revela que, sua passagem a baixo no Real Madrid foi uma exceção, pois o craque voltou a jogar muita bola pelo clube carioca.
Didi ainda se torna o primeiro negro a ser campeão da Champions League, com a taça na temporada 1959/60.
Recentemente, mais um brasileiro vem sofrendo dificuldade com os espanhóis. Vinícius Júnior sofre constantemente com racismo de adversários e torcedores que não são punidos. Contudo, negros sofrem na Espanha há muitos anos.
Em 2011, o Athletic Bilbao registrou seu primeiro jogador negro em mais de 110 anos. Apenas em 2015 o primeiro afrodescendente marcou pelo clube basco.