Gols, assistências e protagonismo, Caroline Weir se tornou uma peça fundamental no Real Madrid
A temporada 2022/2023 do Real Madrid feminino tem nome próprio: Caroline Weir. Apenas no seu terceiro ano de existência, as merengues já contaram com figuras como Kosovare Asllani, Sofia Jakobsson e Marta Cardona, mas nenhuma delas chegou nem perto de causar o impacto inicial que a meio-campista escocesa teve na equipe.
A camisa 11 já marcou 26 gols e deu 16 assistências, superando Asllani para se tornar a segunda maior artilheira do clube, atrás apenas de Esther González, e brigando com Teresa Abelleira pelo posto de maior assistente da história da equipe. Tudo isso com menos de um ano de casa.
Natural de Dunfermline, na Escócia, Weir deu seus primeiros passos no futebol com a camisa do Hibernian Ladies, onde fez sua base desde os 10 anos até debutar na equipe profissional com 16 anos, em 2011, e nessa mesma temporada foi escolhida como a melhor jogadora da segunda divisão da Liga Escocesa. Dois anos mais tarde foi contratada pelo Arsenal, onde ficou até 2015 numa passagem sem tanto destaque individual, mas que rendeu a conquista de uma Copa da Inglaterra.
Do Arsenal foi para o Bristol City onde ficou seis meses até ser contratada pelo Liverpool em janeiro de 2016. Foi com as Reds que Caroline Weir começou a se destacar individualmente, o que fez com que ela fosse eleita a Melhor Jogadora de 2016 do Liverpool. Weir passou dois anos e meio com a equipe de Merseyside até assinar com o Manchester City em 2018.
Cercada de peças com mais qualidade, Weir cresceu e ajudou o City a conquistar duas Copas da Inglaterra e duas Copas da Liga Inglesa, mas amargou três vices consecutivos no Campeonato Inglês. Foram 38 gols e 16 assistências em 114 jogos, além de duas indicações para o Prêmio Puskas em 2020 e 2021. Curiosamente, foi após a sua melhor temporada com a camisa azul (14 gols e 6 assistências) que ela deixou o clube de Manchester, DE GRAÇA, para se juntar ao Real Madrid. A torcida merengue agradece.
O que mudou do Manchester City para o Real Madrid?
Em entrevista ao Edinburgh News, Caroline disse: “No Real Madrid tenho um papel um pouco diferente e sinto que vim com muita experiência e é ótimo fazer parte de uma equipe que realmente quer conseguir coisas. Acho que elevou meu jogo e minha liderança a outro nível” explicou.
Para a BBC, a jogadora escocesa explicou as mudanças em sua função dentro do campo: “Aqui sinto que jogo com muita liberdade no nosso sistema (…) tenho um papel bastante livre, que é bem diferente do City, onde havia uma estrutura definida e você se encaixava nisso e jogávamos de uma maneira muito específica” definiu. Nessa mesma entrevista, Weir revelou que sempre sonhou em jogar fora da Grã-Bretanha e sendo fã de Zinedine Zidane desde muito jovem, a proposta do Real Madrid não poderia ter vindo em melhor hora.
A escocesa aterrissou na Espanha e encontrou na equipe blanca um plantel jovem, mas desprovido de protagonistas após as saídas de Asllani e Cardona. A dupla formada pela sueca e pela espanhola teve participação direta em 32,8% dos gols que o Real Madrid marcou nas suas duas primeiras temporadas, uma contribuição muito significativa se lembrarmos que ambas ficaram fora de quase toda a temporada 2021/22 por conta de lesões.
Com a saída de Asllani e Cardona, parte da torcida ficou preocupada sobre quem marcaria os gols agora. Toda a responsabilidade recairia sobre Esther, que já não havia conseguido repetir o que havia feito com o Levante? Ou sobraria para Nahikari que em Madri não é nem uma sombra do que foi com a Real Sociedad? Caroline Weir veio para dar a resposta.
A escocesa tem participação direta em 38,5% dos gols merengues nesta temporada e fez com que as baixas de Cardona e Asllani fossem pouco sentidas. Escolhida pela torcida por quatro vezes como jogadora do mês, Weir encontrou no Real Madrid de Alberto Toril mais liberdade do que tinha no Manchester City comandado por Gareth Taylor e Nick Cushing.
As diferenças das obrigações em campo
Durante as quatro temporadas que passou na equipe azul de Manchester, o time inglês se desenhava em campo com o 4–3–3, na maioria das vezes, com a escocesa avançando pela esquerda no momento ofensivo, porém com mais responsabilidades defensivas, já que ela ajudava Keira Walsh a fazer uma dupla de volantes quando fosse necessário.
Já no Real Madrid, Alberto Toril utiliza majoritariamente um 4–2–3–1, ao atacar, e um 4–4–2, ao defender. No primeiro momento, Weir atua como uma 10, com muita liberdade de para se movimentar tanto na tentativa de uma jogada individual ou um passe para explorar as costas da defesa adversária, como para ser ela a peça que recebe esse passe e finaliza no gol. Além disso em algumas oportunidades a camisa 11 apareceu aberta na ponta direita, principalmente para buscar a diagonal puxando para dentro do campo.
WEIRTHENEA
Se no Manchester City, Caroline Weir tinha que dividir as atenções com Lauren Hemp, Chloe Kelly, Khadija Shaw, Ellen White, entre outras. No Real Madrid, ela passou a ser o ponto focal de todas as ações ofensivas, mas isso não se provou um fardo para a escocesa que desde a primeira partida oficial da temporada, contra o Manchester City pela pré-Champions, mostrou que havia se entrosado bem com as novas companheiras.
A principal parceira da camisa 11, até esse momento, foi Athenea del Castillo. Metade das assistências que a jovem espanhola deu na temporada (5 de 10) foram para Caroline Weir que retribuiu contribuindo para 40% dos gols da camisa 22. Athenea pode ter sido o alvo favorito, mas não foi o único. As 16 assistências de Weir foram repartidas entre 10 jogadoras e 19 dos seus 26 gols marcados contaram com contribuição de 11 das suas companheiras. Números que mostram bem como a equipe gravitou em torno dela.
Tem como melhorar?
Em termos de números, a temporada de Caroline Weir é tão boa quanto a que levou Alexia Putellas a receber a sua primeira Bola de Ouro. Na ocasião a jogadora do Barcelona fez 26 gols e deu 14 assistências. Se a primeira temporada teve um nível tão bom, existe espaço para melhora? Sim, especialmente nos grandes jogos que foi onde a escocesa não conseguiu manter sempre o bom desempenho. Desperdiçou chances claras contra o PSG que poderiam significar uma ida as quartas de final da Champions League, não marcou ou assistiu contra o Atlético de Madrid na Liga e esteve muito acuada no primeiro duelo contra o Barcelona.
Obviamente que a medida que o Real Madrid for reforçando cada vez mais o elenco, essas oscilações individuais podem ser menos sentidas, já que a responsabilidade será repartida com mais peças. Porém nesse novo papel de protagonista, a camisa 11 deve tomar as rédeas nas noites importantes.
Este texto é de autoria de Taís Viviane, em uma collab com o Planeta Futebol Feminino.
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