Nós já conhecemos os dígitos, estamos marcados por números que demandam toda a glória. Passamos pela emoção de ser campeões da Europa por quatro vezes, três delas seguidas, mais um dado que nenhum outro time conseguiu alcançar. O incrível? Repetimos um feito que já era nosso. Demonstramos com a prática que nossa potência teórica não passa apenas de palavras, que temos sim o peso do escudo e que ninguém deve nos subestimar. E depois de um momento conflituoso podemos dizer que mais uma vez nos reerguemos, mesmo com todas as dúvidas, porque afinal o nosso retorno é tão certo quanto o brilho do ouro.
Em Kiev tivemos a certeza do tamanho de nossa grandeza, entretanto, depois de mais uma final majestosa como aquela, as coisas não foram muito fáceis e tomaram rumos inesperados. Houve um adeus que nos fez sentir e deixou o impacto de “o que fazer agora?”; também houve outro que deixou um vazio, uma lacuna que naquele momento parecia difícil de preencher. Houveram alterações a partir de então e em algum momento se fez parecer que não estávamos prontos para o impacto que aquilo poderia causar.
E foi complicado sim, porém não difícil, mas inicialmente sentimos falta de quem se foi. Fomos classificados como viúvos, taxados de derrotados, se dependesse do que foi comentado seríamos mais um gigante adormecido num coma induzido pelo cansaço de sucesso. Porém, lutamos. Seguimos e buscamos em nossa essência o que nos dá forma, então persistimos.
Quando passamos a entender o que nos levou às dúvidas, tudo passou a ganhar outra forma e aquele gigante julgado adormecido começou a se preparar. Recuperamos nossa mentalidade vencedora, aquela que nos guia até nos momentos mais difíceis, e seguramos pela mão o escudo, com todo carinho e respeito que ele merece. Então, quando o tempo que tiramos para respirar começou a ser extenso demais, revivemos e voltamos para a corrida. Veio a primeira, a segunda e mais um caminhão de dificuldades, passamos por todas. Em um momento totalmente atípico em nosso cenário encaramos essa reta final e estamos aqui, aliviados e mais uma vez juntos num só ritmo: o da satisfação por mais um dever cumprido.
Pode ser que você ouça por aí com certa frequência que não tivemos um brilhantismo, que nosso trabalho foi feito à base de sorte e que não demonstramos nada além da obrigação. Não precisa se frustrar, porque sabemos do nosso esforço e como foi a caminhada. Apenas relembre aquilo que já se tornou repetitivo, mesmo que certo: o Madrid não vai embora, apenas tira um tempo para mais uma batalha e quando você menos espera, ele volta. Só não diga estar surpreso, porque fomos avisados inúmeras vezes de que o Real Madrid sempre volta e para a La Liga ele voltou.