Como Carlo Ancelotti aplicou seu ataque funcional no Real Madrid e transformou o time merengue em uma das grandes atrações da temporada
O Real Madrid vem sendo uma das grandes atrações da temporada 22/23 até aqui. Apesar de um começo relativamente instável, com atuações nem tão convincentes e a perda de Casemiro (um dos pilares do meio de campo), o time começa outubro com a confiança alta e disputando o “título” de melhor time do mundo. Líder de LaLiga após vencer o ‘El Clásico’, o Real Madrid conseguiu administrar a situação desfavorável do começo da temporada e desponta como um dos favoritos para os troféus que disputa.
No entanto, algo parece ter mudado no Real Madrid nos últimos meses. Apesar de vir de uma temporada vencedora, os merengues não terminaram 21/22 isentos de críticas. O título espanhol parecia quase uma obrigação depois do Barcelona passar os seis primeiros meses da temporada afundado em crise, e o troféu da Champions League foi muito mais fruto de um espírito vencedor e de viradas épicas do que um futebol imponente. Além disso, o Real Madrid sofria de uma certa dependência em um futebol de mais velocidade e contra-ataque. Por fim, quando o time não podia contar com Benzema, as atuações eram sofríveis e o ataque mal funcionava.
A temporada 22/23 começa apresentando uma agradável novidade aos torcedores madridistas. O time conseguiu se sair bem sem Benzema, não depende tanto dos contra-ataques e mantém uma invencibilidade categórica. Porém, há uma característica específica que deixa esse Real Madrid especial: o time não é só dominante, mas também agradável. Nesse texto, exploraremos o motivo que torna esse futebol tão simpático, especialmente aos olhos dos brasileiros. Uma dica: ele começa com Carlo Ancelotti.
O “manual do futebol” da última década: o Jogo de Posição
Para começar a explicar o ataque funcional do Real Madrid, precisamos começar por sua antítese. O Jogo de Posição, consolidado pela Espanha de 2008 a 2012 e principalmente pelo Barcelona de Guardiola, foi colocado em um pedestal na última década. Esse estilo foi considerado como um “manual do futebol”, pois se tornou tão dominante que passava uma mensagem: para vencer, você precisa jogar como eu, e para me vencer, você precisa pensar em como me parar.
Apesar do apogeu dessa filosofia se passar na Espanha, foi na Holanda que a ideia surgiu. O futebol holandês teve forte influência do jeito inglês de jogar, e é daí que vamos começar a traçar uma linha do tempo. Ao longo dos anos, a Inglaterra desenvolveu um futebol muito parecido com o rugby. Os jogadores formavam uma linha ofensiva muito extensa e praticamente só avançavam com a bola, quase sem tocar. Se alguém perdesse a bola, o companheiro mais próximo ficaria com a sobra e continuaria conduzindo-a. Para isso, era essencial que todos mantivessem suas posições.
Algumas décadas mais tarde (e com o passe já consolidado como uma parte imprescritível do jogo), a Holanda passou a receber essa influência. Juntando isso com os movimentos artísticos do país, os treinadores holandeses criaram o conceito do totaalvoetbal, ou, como é conhecido por aqui, Futebol Total. A filosofia se baseava em um futebol coletivo, ofensivo, onde o time era mais importante que os indivíduos e onde a estrutura tática sempre devia ser mantida.
Após mais algumas décadas de evolução, Cruyff remodelou o Futebol Total e Guardiola o aperfeiçoou para criar o Jogo de Posição. Seus conceitos são complexos demais para explicá-los aqui, mas suas características mais superficiais são fáceis de perceber. Um futebol com muita posse de bola, que domina os espaços do campo, que valoriza as posições e que apresenta muita movimentação, mas sem alterar a estrutura do time. Seu sucesso é incontestável, mas seu estilo foi alvo de críticas, especialmente entre os brasileiros. Muitos argumentavam que o Jogo de Posição era pragmático, engessado, excessivamente lento e chato de assistir.
A vida do outro lado do rio: o Jogo Danubiano
Enquanto os ingleses desenvolviam seu futebol à lá rugby, seus vizinhos escoceses estavam convencidos de que sair conduzindo a bola como se o mundo dependesse disso não era a resposta. Assim, surge na Escócia o conceito do passe, onde os jogadores tinham liberdade para abandonar suas posições, se aproximar e trocar passes, e assim chegar ao gol adversário. Apesar de críticas (normalmente inglesas) sobre a efetividade desse estilo, ele rapidamente foi considerado como mais agradável de ver.
Curiosamente, foi um inglês de pais irlandeses que levou esse jogo ao mundo. Jimmy Hogan teve uma breve carreira como jogador, toda na Inglaterra. Porém, bastou uma breve visita à Escócia para que ele se convencesse de que o futuro estava nos passes. Hogan resolveu se tornar treinador e após uma breve e frustrante passagem na Holanda (o futebol holandês mal dava seus primeiros passos no amadorismo), finalmente se encontrou na Áustria e na Hungria.
A filosofia de Hogan moldou o futebol dos dois países, que se tornariam vanguardas táticas nas próximas décadas. O futebol que surgiu lá era baseado em passes, aproximações, trocas de posição (que não seguiam uma estrutura pré-definida) e nas individualidades de grandes jogadores. Não era apenas um futebol dominante, era um futebol bonito, agradável, que enchia os olhos de praticamente qualquer um que o visse. A Holanda acabou absorvendo o conceito dos passes, mas aplicou-o em uma filosofia mais rígida, sem a liberdade que o futebol austro-húngaro permitia. Essa filosofia se alastrou pelos países próximos, como Alemanha e Itália, e acabou conhecida como o “Jogo Danubiano”, por causa do rio Danúbio.
Mas não foram apenas as margens do Danúbio que se inspiraram nas ideias de Jimmy Hogan. O Brasil, que já desenhava seu futebol a partir de individualidades que floresciam no futebol de rua, recebeu de braços abertos a ideia danubiana de jogar futebol, trazidas por húngaros como Dori Krüschner e Béla Guttman.
O casamento perfeito
As ideias danubianas e o jogo que se desenvolvia lentamente no Brasil pareciam feitos um para o outro. O futebol de rua, das classes mais baixas, dava protagonismo aos dribles, às individualidades, à anarquia e à genialidade dos jogadores. A influência de Krüschner e Guttman praticamente só “botou ordem na casa” e deixou o caminho livre para o futebol brasileiro conquistar o mundo 3 vezes em 12 anos.
A partir daí, fica muito claro entender porque o Jogo de Posição não desceu bem aos espectadores brasileiros: o futebol construído aqui partia desde o começo de ideias de liberdade. Os jogadores eram livres para sair de posição, driblar, se aproximar. O Jogo Danubiano foi o combustível (e, claro, as instruções táticas; ninguém é vencedor no futebol sem tática) para que o Brasil potencializasse seus talentos de meio-campistas geniais e atacantes imprevisíveis. Não há um certo e um errado, um bonito e um feio, um herói e um vilão. São apenas jeitos diferentes de se entender o futebol.
Com o tempo (e com a queda vertiginosa da Áustria e da Hungria no futebol), esse estilo foi se distanciando do Danúbio e ganhando outros nomes. Na Itália, o estilo foi adaptado e chamado de “método” assim que chegou no país, na década de 30. A Argentina chamou-o de La Nuestra. A Alemanha nem se deu ao trabalho de renomeá-lo, e não perdeu tempo para dar seu toque alemão, abrindo mão da posse de bola em prol de um estilo mais direto.
No Brasil, o nome desse estilo ainda causa polêmica. Rubens Minelli, treinador histórico do futebol brasileiro, o chamava apenas de “toque de bola”. A CBF costuma chamá-lo de Jogo de Mobilidade. Para João Saldanha e sua personalidade única, era apenas o jeito certo. O espanhol Adrián Cervera o chama de Jogo de Aproximação. No entanto, nos últimos anos, surgiu no Brasil o termo “ataque funcional“, que tem como objetivo ressaltar a importância da função dos jogadores em campo em detrimento das posições originais. Nesse texto, chamarei essa organização ofensiva de ataque funcional, mas sinta-se à vontade para discordar e/ou sugerir outro termo.
“Com Ancelotti, é a liberdade”
Carlo Ancelotti teve uma carreira de jogador muito vitoriosa, principalmente com o Milan de Arrigo Sacchi. Quando se aposentou, virou assistente de seu antigo treinador na Seleção Italiana, onde ficou até 1994. Em 1996, já treinava o Parma e seu projeto ambicioso. Ainda sem experiência, Ancelotti queria aplicar o 4-4-2 de Arrigo Sacchi em todos os seus times, independente dos jogadores. Essa ideia fez com que o atacante Gianfranco Zola fosse dispensado pelo italiano, pois ele não se encaixava no esquema. Ancelotti acabou tendo que ver Zola se consolidar como um dos melhores de sua época fora do Parma.
Essa experiência foi o choque de realidade que Ancelotti precisava. Ele se lembra desse episódio com imenso pesar, e sempre diz que sua teimosia o fez perder um grande jogador. Em seu trabalho seguinte, na Juventus, o italiano alterou a estrutura do time para acomodar o craque Zidane em sua posição preferida. No Milan, surgiu com um 4-3-2-1 (ou “árvore de natal”) para dar liberdade a Pirlo e acomodar os “camisas 10” que tinha no elenco. Com o Chelsea, Ancelotti mudou seu esquema base no meio da temporada para encaixar mais atacantes e vencer a Premier League com recorde de gols marcados.
Ancelotti costuma abrir mão de uma ideia pré-definida em prol de seus jogadores, pois, segundo o próprio, “não há sistema vencedor. O sistema vencedor é colocar os jogadores confortáveis em campo”. Ele não quebra a cabeça pensando como encaixar seus jogadores no que ele pensa, mas em como colocá-los em campo de um jeito que todos fiquem confortáveis.
Por isso, Ancelotti é, talvez, o grande expoente do ataque funcional no futebol de hoje. O italiano prioriza a função de seus jogadores, onde eles atuam, o que eles fazem em campo, e não as posições, a estrutura mais rígida e definida. Para ele, é essencial que os jogadores se movam, se aproximem, se aglomerem e mostrem suas individualidades, pois esse seria o “sistema vencedor”. Assim, após um ano de trabalho, Ancelotti exibe no Real Madrid um futebol leve, ofensivo e móvel, que enche os olhos de todos. Especialmente dos brasileiros.
O Real Madrid 2022/2023: como sair jogando?
Para explicar o ataque funcional de Ancelotti aplicado no Real Madrid, é melhor começar pelo começo: os traços do italiano se mostram presentes em seu time desde a saída de bola. Ele acredita que, para chegar ao campo de ataque e se impor lá com sucesso, os jogadores devem enfrentar a pressão do adversário e sair jogando desde a defesa, com jogadas trabalhadas, passes mais curtos e sempre de pé em pé. Claro, há diversas maneiras de fazer isso, e Ancelotti faz à sua própria maneira, com seus conceitos.
Na imagem acima, fica clara a primeira das ideias de Ancelotti sobre como seu time deve atacar: a aproximação e compactação dos jogadores para criar linhas de passes. O italiano não conta só com seus defensores e seu volante para construir a saída de bola, mas também puxa os dois meias e um dos atacantes para participar dessa fase do jogo. Desse modo, o Real Madrid se propõe a superar a marcação do Betis (que pressiona com 7 jogadores) a partir de uma superioridade numérica e da aproximação de seus jogadores, que são livres para saírem de suas posições e se aproximarem de onde sai a jogada.
Avançando em campo
Apesar da ideia funcional de Ancelotti aparecer logo na saída de bola, ele vai ficando mais evidente à medida que o time arma seu ataque. Ao sair jogando, os jogadores ainda seguem uma estrutura mais definida e ficam um pouco mais espalhados em campo, apesar de começarem a mostrar movimentação. Quando o time avança, no entanto, o ataque funcional de Ancelotti passa a florear mais.
As movimentações do Real Madrid
As imagens acima são do jogo contra o Shakhtar Donetsk, onde o Real Madrid se alinhou em um 4-4-2 com Tchouaméni e Kroos como volantes, Vini Jr. e Valverde mais abertos e Benzema e Rodrygo por dentro. Na primeira imagem, fica clara a organização ofensiva da qual o time partia: Rodrygo, Carvajal e Valverde se aproximavam pela direita e Benzema, Mendy e Vini Jr. pela esquerda.
Esses “triângulos” que o Real Madrid formava em campo eram apenas guias para a jogada começar a se desenrolar. Os volantes direcionavam o ataque madridista e acionavam esses jogadores. Se as jogadas ofensivas partissem do lado esquerdo, Vinícius, Benzema e Mendy se aproximavam e o triângulo pela direita se desfazia, com dois jogadores se aproximando da jogada e um mais aberto. O inverso acontecia quando a jogada saía pela direita. No entanto, com dito antes, esses triângulos eram apenas guias, e não posições marcadas. Nas imagens acima, fica claro que os jogadores rodavam livremente e se alternavam entre quem ficava mais aberto, mais por dentro e mais avançado.
À medida que a jogada se desenrolava e o Real Madrid a levava para o centro, ambos os triângulos se desfaziam e ficava clara a estrutura ofensiva do time. Os jogadores centrais abarrotavam a faixa central do campo, enquanto os mais abertos se mantinham próximos da jogada. As duas últimas imagens mostram muito bem o que faz o Real Madrid para avançar em campo. Ao invés de espalhar jogadores para deixar o campo maior ao atacar, o time se compacta em torno da jogada para criar linhas de passe curtas.
Ocupando o campo de ataque
O Real Madrid mantém seu jogo funcional ao ocupar o campo de ataque, e é aí que as individualidades dos jogadores mais são potencializadas. Quando seu time toma o controle da posse de bola e fica postado no campo ofensivo, Ancelotti dá ainda mais liberdade a seus jogadores. Assim, há ainda mais trocas de posição, movimentações, rotações, dribles e arrancadas em espaços curtos. O italiano vê essa abordagem como a ideal para encarar defesas fechadas, pois ela causa problemas nos encaixes de marcação do adversário.
A ideia de Ancelotti parte do princípio de que, para manipular, movimentar e desencaixar um bloco de marcação, o ideal é instigar essa desorganização através de muita movimentação dos jogadores ofensivos. As aproximações e trocas de posição do time obrigam o bloco defensivo adversário a se mover muito para acompanhar esses deslocamentos. Além disso, essa postura promove desencaixes de marcação, pois exige um senso de posicionamento muito afiado dos defensores que precisam acompanhar os movimentos complexos dos atacantes.
Vantagem número 1: criar desencaixes a partir das movimentações
Ancelotti busca dois tipos de vantagem ao armar o Real Madrid em um ataque funcional. A primeira delas é a mais óbvia: se um time aglomera seus jogadores e os dá a liberdade de circular, voltar, avançar, trocar de posição e receber em qualquer faixa do ataque, o adversário claramente terá dificuldades em frear esses movimentos. O Real Madrid, por sua vez, é muito competente em explorar essas brechas, por mais breves que elas sejam, ao acelerar em espaços curtos.
No meio de campo, o trio Tchouaméni, Kroos e Modric se complementam muito bem. Enquanto os 2 primeiros participam mais da saída de bola e encostam na base da jogada, o croata circula em faixas mais avançadas. No entanto, quando o time ocupa o campo de ataque, Tchouaméni tem a liberdade de avançar com Modric, enquanto Kroos fica mais recuado como um “maestro”, armando o time mais de trás com sua visão e seus passes longos.
É no ataque, porém, que o Real Madrid possui mais armas. Enquanto Vinícius é um ponta mais clássico, excelente no 1 contra 1 e muito letal, Rodrygo é um tradicional “falso ponta”. O camisa 21 tem a liberdade de circular pelo centro do ataque e armar o time como um camisa 10. Valverde, se estabelecendo como uma peça ofensiva, vem atuando como um meia-direita, que ataca o lado do campo mas também fecha para armar com os meias. Benzema é um centroavante único, que faz a função do “falso 9” como poucos e circula pelo ataque confortavelmente.
Vantagem número 2: atrair para acelerar (ou o tal “lado forte, lado fraco”)
Um dos princípios mais característicos do ataque funcional é o famoso “lado forte, lado fraco”, ou o “atrair para enganar”. Termos “coloquiais” que surgiram no futebol brasileiro com o crescimento do jogo danubiano pelo país, eles designam a estratégia de atrair a marcação do adversário para abrir espaço em outras faixas do campo.
Essa estratégia é tão característica (mas não exclusiva) do ataque funcional porque seu princípio de aglomerar jogadores no setor da bola naturalmente arrastaria o bloco defensivo adversário para aquele setor. Assim, com a marcação focada em uma zona do campo, a zona oposta estaria livre para alguém explorá-la. A partir disso, o time que ataca pode juntar vários jogadores em um lugar (“lado forte”) só para alguém atacar o espaço vazio (“lado fraco”).
4-3-3 ou 4-4-2? Não importa
Nos lances de ataque funcional do Real Madrid deste texto, Ancelotti partiu de várias “escalações bases”. O time já usou um 4-4-2, um 4-3-3 mais simétrico e um 4-3-3 “torto” com Valverde pela meia direita e Vinícius Júnior como um ponta mais avançado. No entanto, esses números não são importantes, porque o Real Madrid não segue linhas definidas ao atacar. Pouco importa se Ancelotti escalou dois ou três atacantes, três ou quatro meio-campistas. Claro que, dependendo das peças que ele colocar em campo, o jeito do time atacar mudará, pois jogadores diferentes apresentam características diferentes que o italiano não sacrificará em prol de suas ideias de jogo.
Se o Real Madrid escalar Rodrygo no ataque e Valverde no meio de campo, é possível que o uruguaio saia da faixa central para atacar a ponta direita, enquanto o brasileiro ganhará mais liberdade para circular por dentro. Porém, se Modric for o titular no lugar de Valverde, provavelmente o camisa 10 ficará mais próximo de Rodrygo por dentro, e a ponta direita será ocupada por outro jogador (Carvajal, talvez).
Mas o que importa para Ancelotti são as peças, não os desenhos. Seu time pode partir de diversas formações que não dizem nada sobre como o time vai se portar em campo. Seu meia pode atacar como ponta e seu ponta pode atacar como meia. Um lateral pode começar um lance atacando por dentro e terminá-lo colado à linha lateral.
A lógica desse Real Madrid é anti-posicional: é como o time vai se agrupar em volta da bola e qual será o deslocamento das peças ofensivas do time para avançar em campo pois, no final, a estrutura de ataque do time não lembrará em nada a escalação do começo do jogo. Para Ancelotti, as linhas de um 4-3-3 não dizem nada; ele está interessado nas funções de seus jogadores e, assim, encaixá-los em campo de um jeito que todos fiquem confortáveis.
Conclusão: por que é tão agradável ver esse Real Madrid jogar?
Recentemente, torcedores e jornalistas vêm apontando que o Real Madrid desta temporada parece mais “simpático”, mais agradável aos olhos em relação aos times merengues dos últimos anos. Claro que muito disso se deve ao carisma de jogadores como Vinícius Júnior e Rodrygo, que encantam pela individualidade e pelo estilo inventivo.
No entanto, há algo além do carisma dos brasileiros. A chegada de Ancelotti tirou o Real Madrid de anos turbulentos com Lopetegui e Solari e períodos engessados com Zidane. O italiano deu liberdade a um dos melhores trios de meio de campo do mundo, acomodando e potencializando suas características. Além disso, os atacantes brasileiros que vêm encantando o futebol recebem atenção especial de Ancelotti, que dedica não só suas ideias, mas o funcionamento do time, para lapidar os talentos de Vinícius Júnior e Rodrygo. Não é coincidência que os dois evoluíram mais com um ano sob Ancelotti do que com dois anos sob Zidane: o italiano soube construir um time que os acomodasse na posição preferida de ambos.
Porém, há algo além do talento dos jogadores e da flexibilidade do treinador que dá o aspecto de simpático a esse Real Madrid: seu estilo de jogo. O ataque funcional de Carlo Ancelotti não poderia estar mais identificado com o ideal mundial (mas principalmente brasileiro) de “jogo bonito”. O Real Madrid pratica um futebol fluido, cheio de movimentações, que valoriza suas individualidades e dá liberdade a seus jogadores. Ver um time repleto de talento exibir suas individualidades, se aproximar para trocar passes, acelerar em espaços curtos e superar marcações a partir de dribles e deslocamentos enche os olhos de todos.
Ancelotti não defende seu estilo de jogo como o melhor, apenas como o jeito que ele aprendeu a ver o futebol. E o italiano pode ter dificuldades para aplicá-lo, pois administrar e coordenar tantas movimentações em espaços tão curtos pode ser tão difícil quanto lecionar os complexos conceitos do Jogo de Posição. Porém, quando seu ataque funcional começa a fluir, ele não deve nada a nenhum outro estilo de jogo, e pode até parecer mais agradável que outros.
TEXTO INCRÍVEL!
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