Nesta quinta-feira (24), foram sorteados os confrontos das oitavas de final da Copa do Rei, e um destes jogos colocou frente a frente duas equipes que fizeram uma das eliminatórias mais emocionantes da história do torneio.
Temporada 2005-06
Semifinal da Copa do Rei – Jogo de Ida
Estádio La Romareda.
Você lembra o que aconteceu no dia 8 de fevereiro de 2006?
O estrelado Real Madrid, de nomes como Ronaldo, Beckham, Zidane e do técnico Juan Ramón López Caro, que foi promovido do time B para substituir Vanderlei Luxemburgo, encarava o Real Zaragoza de Diego Milito (lembrem-se deste nome), Leonardo Ponzio, Ewerthon e que estava embalado após eliminar Atlético de Madrid (oitavas) e Barcelona (quartas).
Era a oportunidade dos merengues vingarem a derrota para o mesmo Zaragoza na final da Copa do Rei, duas temporadas antes. Seria possível bater os galácticos mais uma vez?
Apoio para tal, não faltaria. 40 mil loucos pelos “maños” mal sabiam o que os aguardava naquela noite de quarta-feira…
Pressão total e Diego Milito
Nem o torcedor mais otimista poderia imaginar, mas, com uma pressão absurda desde o apito inicial, sem deixar o Madrid respirar, o placar já estava 3 a 0 para o time da casa com apenas 35 minutos da primeira etapa. Hat-trick de Diego Milito (15’, 22’, 34’). Ainda na primeira etapa, o Real Madrid descontou com um gol de cabeça do brasileiro Júlio Baptista, após cobrança de falta.
Vira 3, acaba 6?
Extasiados depois de uma grande primeira etapa e dois gols de vantagem, os zaragoncistas queriam mais, sabiam que era importante levar vantagem para o jogo de volta, afinal, teriam que encarar a pressão do Bernabéu lotado.
O segundo tempo começou igual ao primeiro, uma avalanche de ataques do Zaragoza, e aos 11 minutos, Diego Milito, em noite mágica, fez seu quarto gol levando o estádio La Romareda abaixo. Com o Madrid devidamente abatido, o time mandante partiu ainda mais para cima e o brasileiro Ewerthon marcou o quinto gol após boa enfiada de bola de Cani. Uma aula dos comandados por Victor Muñoz.
O técnico do Madrid, López Caro, fez duas alterações e colocou o time à frente após o quinto tento. Zidane e Cassano entraram nos lugares de Gravesen e Júlio Baptista, respectivamente. Esperava-se que o Real Madrid ficasse mais agressivo com as mudanças, mas o que se viu foi um baile. Não tinha jeito, era noite do Real Zaragoza.
O golpe de misericórdia veio aos 38 minutos da segunda etapa, e que duro golpe. Ewerthon, de novo, desta vez num petardo de fora da área fechou o caixão. 6 a 1 para o Zaragoza. Game, set and match.
Após a partida, Diego Milito, o nome do jogo, disse em entrevista ao As: “Fazer quatro gols nesta grande equipe é algo que nunca havia sonhado”.
Ficha técnica:
ZARAGOZA: César; Ponzio, Alvaro, Gabi Milito, Zapater; Oscar, Celades (Movilla), Generelo, Cani (Sergio García); Ewerthon e Diego Milito.
MADRID: Casillas; Salgado, Helguera (Pavón), Sergio Ramos, Roberto Carlos; Gravesen (Zidane); Beckham, Baptista (Cassano), Guti, Robinho; e Ronaldo.
GOLS.
1-0. Min, 15. Diego Milito. 2-0. Min, 22. Diego Milito. 3-0. Min, 34. Diego Milito. 3-1. Min, 38. Baptista. 4-1. Min. 56. Diego Milito. 5-1. Min, 60. Ewerthon. 6-1. Min, 83. Ewerthon.
ESTADIO:
La Romareda, 40.000 espectadores.
A Volta
Santiago Bernabéu, 70 mil pessoas.
A noite do dia 14 de fevereiro de 2006 prometia fortes emoções. O torcedor do Real Madrid, que não deixou de acreditar na virada mesmo após sofrer uma sonora goleada, foi confiante ao Bernabéu.
O técnico López Caro promoveu muitas mudanças ao time titular do Real Madrid, entre elas, a entrada do brasileiro Cicinho no lugar de Michel Salgado.
O início dos sonhos
Um minuto. Foi o tempo que precisou o Real Madrid para abrir o placar e levar a torcida ao delírio. Cicinho, após rebote no chute de Woodgate, soltou a bomba no ângulo de César, que só pulou para sair na foto. 1 a 0.
O Zaragoza ficou atordoado com o gol sofrido logo no começo e estava claramente perdido em campo. O Real Madrid continuou encontrando espaços e, aos 5 minutos, Beckham cruzou da direita, Ronaldo dominou a bola cortando para a esquerda e Robinho, de frente, fez 2 a 0 em apenas 5 minutos de jogo. O Bernabéu se encontrava em uma energia jamais vista.
10 minutos de jogo. Beckham encontrou um lançamento perfeito para Ronaldo, que se jogou na bola para marcar o terceiro gol do Madrid. A remontada parecia questão de tempo. O Zaragoza muito abalado com os gols, já parecia sucumbir ao momento e a pressão, com um estádio inteiro empurrando o Real Madrid.
César Sanchez e a lei do ex
O goleiro que defendeu o Real Madrid entre 2000 e 2005 e pouco havia aparecido no jogo, começou a brilhar. Com uma pressão absurda da equipe mandante, César fez, não só uma, mas duas defesas no mesmo lance, que evitaram com que o Real Madrid ampliasse o placar ainda na primeira etapa.
Segundo tempo
Na segunda etapa o drama tomou conta do jogo. Roberto Carlos, aos 15 minutos soltou a bomba em cobrança de falta, sem chances para o goleiro, 4 a 0. O torcedor estava confiante, agora o Madrid só precisava de apenas um gol para chegar à decisão.
O Madrid se lançou ao ataque, mas ao mesmo tempo ficou exposto, e o Zaragoza era perigoso nos contra-ataques e chegou a marcar com Ewerthon, mas o bandeirinha assinalou erradamente o impedimento, seria o gol que afirmaria a classificação do Zaragoza.
Após muitas tentativas, o Real Madrid já parecia esgotado e não encontrava mais forças para atacar a equipe de Zaragoza, que só esperou o apito final para respirar aliviada. Fim de jogo. A torcida aplaudiu de pé os merengues, que apesar de não terem conseguido a virada, lutaram até o fim, assim como diz em um de seus lemas “Hasta el final, vamos Real”.
Ficha técnica:
REAL MADRID: Casillas; Cicinho, Sérgio Ramos, Woodgate, Roberto Carlos; Gravesen (Diogo), Júlio Baptista (Cassano), Beckham, Zidane; Robinho e Ronaldo
ZARAGOZA: César; Ponzio, Toledo, Álvaro, G. Milito; Zapater, Celades, Óscar, Cani; Milito, Ewerthon (Sergio Garcia)
Gols: 1-0. Cicinho, Min 1. 2-0. Robinho, Min 4. 3-0. Ronaldo, Min 9. 4-0. Roberto Carlos, Min 60.
Estádio: Santiago Bernabéu
O Real Zaragoza derrubava mais um grande e novamente disputaria a final da Copa do Rei.
Festa dos Zaragoncistas, que jamais esquecerão tal feito!