Jogo marcou primeiro encontro entre Real Madrid e Barcelona pela Champions League
O Real Madrid recebeu o Barcelona nesta terça-feira (22), no estádio Alfredo di Stéfano pelo jogo de ida das quartas de final da UWCL, a Champions League feminina. Mesmo saindo derrotado por 3 a 1, de virada, o time merengue teve uma atuação de gala no primeiro tempo e mostrou qualidade e consistência no estilo de jogo.
Com gols de Putellas (2) e Claudia Pino, o Barcelona construiu sua virada inteiramente no segundo tempo após Olga abrir o placar logo aos 7 minutos da primeira etapa. O gol relâmpago do Real Madrid condicionou os primeiros 45 minutos de jogo, e o Barcelona só conseguiu impor sua superioridade após um pênalti com 5 minutos do segundo tempo.
Escalações iniciais
O Real Madrid, jogando em casa, contou com desfalques importantes para a partida. Kosovare Asllani, Aurélie Kaci e Marta Cardona não estavam disponíveis e tiveram que ser substituídas na equipe titular. Desse modo, o treinador Alberto Toril armou o time em um 4-2-3-1. Misa foi a titular no gol, Peter e Rocío Gálvez formaram a zaga e Lucia Rodríguez e Svava começaram nas laterais. Teresa Abelleira e Zornoza foram as escolhidas para a dupla de volante, enquanto Maite Oroz ocupava a posição de meia-atacante. Athenea e Olga atuavam pelas pontas e Esther comandava o ataque pelo centro.
O Barcelona, que recém confirmara o título espanhol em cima do Real Madrid, chegava na partida como o grande favorito. Atuando em um 4-3-3, o time blaugrana foi a campo com Sandras Paños no gol, Torrejón, Andrea, María Pilar e Leila compondo a linha de defesa, Bonmatí, Guijarro e Putellas no meio de campo e Hansen, Hermoso e Rolfö na linha de frente.
Começo de jogo e a tática do Real Madrid
Alberto Toril armou o Real Madrid com uma marcação agressiva e avançada para que, assim, o Barcelona não ficasse confortável em avançar com a bola. No bloco alto, o quarteto ofensivo do time era o principal responsável por guiar a pressão. Desse modo, as jogadoras cercavam a saída de bola do Barcelona e controlavam a profundidade do time. Quando a equipe blaugrana superava essa primeira pressão, o Real Madrid mudava de um 4-2-3-1 para um 4-4-2, com as pontas se juntando às volantes enquanto Maite Oroz avançava para se alinhar com Esther. A marcação, no entanto, continuava agressiva e apostava em encaixes por zona ao invés dos individuais.
Com a bola, o Real Madrid elaborava uma saída de bola mais lenta, em uma estrutura 4+1. As laterais auxiliavam as zagueiras na troca de passes, enquanto Terese se posicionava à frente da zaga. Zornoza alternava sua posição entre ficar avançada com Maite Oroz ou se juntar a Teresa para auxiliar na saída de bola. A goleira Misa também era importante nessa estrutura e sempre optava por passes curtos para as zagueiras.
Avançando em campo, porém, o Real Madrid não poupava tempo com a bola. Para aproveitar a velocidade das atacantes e, principalmente, as avançadas recuperações de bola, o time merengue apostava em ataques diretos e rápidos nas costas da defesa do Barcelona. Nessa fase, Zornoza e Teresa avançavam e se alinhavam, armando o jogo por dentro com a ajuda de Maite Oroz e até de Esther. As laterais e as pontas ficavam abertas em campo e eram as principais opções em velocidade. Além disso, as infiltrações de Esther eram uma constante dor de cabeça para o Barcelona.
Gol relâmpago do Real Madrid e desenrolar do primeiro tempo
A estrutura de ataques rápidos casou perfeitamente com a marcação agressiva da equipe. Apostando em recuperações no campo de ataque, o Real Madrid aproveitava a defesa desorganizada do Barcelona para armar um ataque rápido. Desse modo, a defesa blaugrana não tinha tempo de se organizar para frear as corridas ofensivas do Real Madrid.
Logo aos 7 minutos, a pressão alta do Real Madrid deu resultado. Zornoza apertou a marcação em Putellas, que tentou um passe para Guijarro. O passe saiu fraco e Esther recuperou a bola, avançou pela defesa do Barcelona e enfiou a bola para Olga, que entrou livre na área para abrir o placar e marcar seu segundo gol na competição.
O gol rápido do Real Madrid, no entanto, não alterou muito o desenho da partida. Mesmo após abrir o placar, as donas da casa continuaram com a postura agressiva do começo de jogo e a marcação alta continuou. O Barcelona jogava circulando a bola com calma, tentando atrair a pressão do Real Madrid e, assim, avançar pelo bloco de marcação merengue. No entanto, as visitantes não tiveram muito êxito e conseguiram apenas 1 finalização ao alvo no primeiro tempo.
Chances do Real Madrid e fim do primeiro tempo
A velocidade da equipe merengue continuava sendo efetiva e o Real Madrid conseguiria mais 3 chances claras assim, todas com Esther González. A primeira delas, aos 28 minutos, veio após um passe longo de Peter buscando a infiltração de Esther nas costas da defesa. A espanhola chegou a ficar cara a cara com a goleira blaugrana, mas o lance foi parado por um impedimento milimétrico. A segunda viria 10 minutos depois, em um lance de bola parada cobrada por Zornoza, que lançou Esther em profundidade. A atacante conseguiu dominar e chutar, explodindo a bola na trave. Apenas um minuto depois, Esther voltaria a ficar cara a cara com a goleira após mais um lançamento em profundidade, mas Sandra Paños parou a bola com uma defesaça.
Além dos ataques de Esther, o Real Madrid também tentava atacar através de cruzamentos na área, apostando na velocidade das pontas para receber a bola e mandá-la para a área de conclusão. Ao longo do primeiro tempo, o time tentou 8 cruzamentos, mas acertou apenas 2.
O Barcelona continuou apresentando dificuldades em avançar com a bola. O Real Madrid conseguia atrapalhar tanto a saída de bola, através da marcação alta como a progressão do Barcelona, apostando em uma compactação agressiva e coordenada. Com o Real Madrid compactado em um 4-4-2, as visitantes não conseguiam avançar por dentro e passaram a tentar cruzamentos facilmente cortados pela defesa merengue.
O Real Madrid conseguiu anular o jogo do Barcelona na defesa e, ao mesmo tempo, atacar com qualidade e eficácia. Todas as 5 finalizações do time foram de dentro da área e o time produziu 3 chances claras, além de 3 chutes ao alvo e uma bola na trave. O Barcelona, em contrapartida, só acertou o gol uma vez e não produziu nenhuma chance clara.
Segundo tempo e resposta do Barcelona
O Real Madrid voltou a campo com o mesmo time, enquanto o Barcelona trocou a lateral Leila por Claudia Pina. O time blaugrana conseguiria sua primeira boa chance no jogo após um cruzamento de Rolfö para o meio da área aos 5 minutos do segundo tempo. Misa conseguiu cortar, mas a bola sobrou para Hansen que sofreu um choque com Olga dentro da área. A juíza foi ao VAR e marcou pênalti para as visitantes. Putellas bateu com força no lado esquerdo do gol para empatar o jogo.
O Real Madrid teve uma chance de resposta poucos minutos depois, quando o time trocou passes rápidos no campo de ataque e Esther arriscou um chute da meia lua da área, que passou por cima do gol de Sandra Paños. O Barcelona, sem conseguir avançar por dentro, passou a focar seus ataques pelas laterais. Aos 10 minutos da segunda etapa, as visitantes conseguiram uma triangulação pela esquerda. Putellas enfiou a bola para Rolfö, que rolou para Claudia Pina na marca do pênalti. A lateral chutou de primeira, mas a bola subiu demais e passou por cima do gol de Misa. Pouco depois, Hansen recebeu pela direita e cruzou para Hermoso, que cabeceou para fora.
O Barcelona passou a apertar mais a pressão, dificultando a saída de bola elaborada do Real Madrid. Por isso, Misa passou a apostar mais em bolas longas que em passes curtos no tiro de meta, tentando conectar diretamente com o ataque. Desse modo, o Real Madrid tinha mais dificuldades em manter posses de bola mais longas. O Barcelona continuava armando seus ataques pelos lados e só tentava centralizar as ações quanto chegava no terço final do campo.
Substituições, reta final de jogo e virada do Barcelona
Aos 20 minutos do segundo tempo, Toril realizou as primeiras alterações no Real Madrid, trocando Galvez por Ivana e Olga por Møller. O Barcelona também efetuou mais uma troca, tirando Andrea para a entrada de Irene. Após metade do segundo tempo, o jogo passou a ficar mais travado e disputado, com as marcações de ambos os times funcionando muito bem. Desse modo, nenhuma das equipes conseguia manter uma posse de bola mais longa ou elaborada.
Após 30 minutos do segundo tempo, o Barcelona começou manter a bola no ataque e explorar o espaço entre as duas linhas de 4 do Real Madrid, aproveitando o cansaço das adversárias que afetava a compactação da equipe. O time merengue, por sua vez, passou a ter menos ataques em velocidade à medida que o tempo passava, já que sentia o cansaço. Com 32 minutos da segunda etapa, Toril realizou mais duas alterações. Lucía Rodríguez saiu para a entrada de Kenti Robles, e Maite Oroz foi substituída por Nahikari.
Foi na reta final de jogo que o Barcelona conseguiu a virada. Já aos 35 minutos da segunda etapa, o Barcelona venceu uma disputa de bola pelo meio e Claudia Pina conseguiu espaço para arrancar por dentro. Em uma situação de 5 atacantes contra a linha de 4 merengue, Hansen recebeu pela direita, driblou Svava e rolou a bola para dentro da área. Bonmatí teve o chute bloqueado, mas a bola sobrou para Claudia Pina virar o jogo.
Minutos finais e destino das equipes
O Real Madrid tentou uma reação nos minutos finais, apostando principalmente nos cruzamentos para tentar o empate. O Barcelona, alinhado em um 2-3-5 no ataque, continuava avançando por dentro, mas deixava espaços nas laterais que o Real Madrid tentava explorar. A próxima grande chance do jogo, no entanto, foi do Barcelona, em um escanteio fechado que Misa conseguiu afastar. O VAR analisou um possível pênalti no lance, que foi descartado. O Barcelona voltaria a oferecer perigo a bola parada pouco depois, mas a defesa madridista conseguiu bloquear o lançamento.
O último gol do Barcelona viria já nos acréscimos em um claro sinal de cansaço do Real Madrid. O time blaugrana trocou passes com facilidade na saída de bola e avançou facilmente pelo meio. Hermoso recebeu e lançou Guijarro em profundidade, aproveitando assim o espaço nas costas da defesa e do meio de campo da equipe da casa. Guijarro conduziu com tranquilidade e rolou para Alexia Putellas encobrir Misa e, desse modo, fechar o caixão.
O Real Madrid tentará uma remontada improvável contra o Barcelona pela Champions League na próxima quarta-feira (30). Enquanto isso, as merengues voltarão seu foco para LaLiga, onde lutam por uma vaga na próxima Champions, e para a Copa da Rainha, onde o confronto adiado contra o Levante decidirá a classificação para a semifinal.
Ficha técnica
Real Madrid 1×3 Barcelona
Local: Estádio Alfredo di Stéfano, Madri
Data: 22 de março de 2022
Gols: Olga 8′; Putellas 53′ e 90+4′, Claudia Pina 81′
Real Madrid: Misa; Lucía (Robles), Peter, Rocío (Ivana) e Svava; Teresa, Sornoza; Athenea, Maite Oroz (Nahikari), Olga (Møller); Esther. Treinador: Alberto Toril
Barcelona: Sandra Paños; Torrejón, Andrea (Irene), Maria Pilar, Leila (Claudia Pina); Bonmatí (Ingrid), Guijarro, Putellas; Hansen, Hermoso e Rolfö. Treinador: Jonatan Giráldez
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