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Peças melhores e Real Madrid: mais uma chance para as ideias de David Aznar

Treinado por David Aznar, o CD Tacon realizou uma temporada com muitos altos e baixos, uma dependência muito grande de Sofia Jakobsson e sem conseguir atingir o nível necessário para uma equipe que defenderia o escudo do Real Madrid na temporada seguinte. Sabendo disso, a diretoria trabalhou para contratar jogadoras que pudessem elevar a qualidade técnica e profundidade do elenco, permitindo ao clube realizar uma temporada de estréia sólida.

A ideia de um 4-4-2

Antes de falar em desenho tático, precisamos prestar atenção nos princípios de jogo que foram trabalhados durante toda a temporada. Marcação com bloco médio-alto, uma busca intensa por pressionar a primeira linha rival, uma vez que a bola estivesse em controle tentar definir as jogadas em poucos toques e com velocidade. Desta maneira Aznar trabalhou sua equipe. Partindo disso, vamos ao desenho e escolhas.

O 4-4-2 foi o sistema utilizado o tempo inteiro, com variações em como se dava sua utilização. Na maior parte do tempo, em linha, num modo mais tradicional, com Thaisa Moreno e Aurelie Kaci protegendo a entrada da área. Em oportunidades específicas, ele acabou optando por um losango no meio, com Kaci a frente da zaga, Thaisa e Ainoa mais a frente, com Asllani e Malena alternando quem fechava o setor.

Outro ponto importante em abordar a mudança entre os dois sistema, é o posicionamento de Sofia Jakobsson. Quando o time atuou com duas linhas de 4, a sueca esteve quase sempre partindo do lado do campo, para atacar a diagonal, com enorme liberdade para se movimentar. Já quando o treinador optava pelo losango, Sofia jogava mais adiantada, fazendo dupla de ataque com Chioma Ubogagu, Kosovare Asllani ou Jéssica Martinez.

O que não mudou em nenhum momento foi o protagonismo da camisa 10 do clube. Com muita velocidade, boa leitura de espaços e finalização apurada, Sofia Jakobsson liderou a equipe em gols e assistências. Foram 7 gols e 8 assistências em 20 jogos para a jogadora. (Foto: Reprodução/Twitter/CD_Tacon)

O principio defensivo da equipe esteve sempre muito atrelado ao tempo que seria permitido as rivais, ter a bola nos pés e conseguir pensar qual a melhor jogada a ser executada. Dessa maneira, era fundamental existir uma coordenação fina entre todos os setores da equipe, desde as atacantes pressionando o primeiro passe, as laterais subindo para bloquear as pontas e as meio-campistas ocupando a zona central, evitando que a bola circulasse com fluidez.

Basicamente, o Tacon pensou certo e realizou errado. Apesar de Jakobsson ser muito produtiva ofensivamente, sofre para dar esse suporte no primeiro combate, falta intensidade sem a bola, enquanto Lorena e Asllani também não possuem bons atributos físicos para tal, são jogadoras de maior refinamento técnico. Chioma e Martinez são nossas melhores peças ofensivas neste sentido, tirando o conforto da saída de bola rival. E se a engrenagem começava a girar com problemas, mesmo que Peter, Thaisa e Kaci fizessem um excelente trabalho negando esse espaço, o time acabava perdendo as referencias de marcação e o espaço era criado.

As novas peças encaixadas no jogo

Até as ultimas semanas, existiu uma falha de leitura, uma falta de sensibilidade da comissão técnica, em perceber que as peças e a ideia de jogo não estavam convergindo, mas esse pensamento muda ao ver as contratações que o clube realizou. A ida ao mercado visou atletas com ótimo encaixe dentro dessa ideia de jogo.

Contratadas para a temporada inaugural do clube, agora realmente defendendo as cores e escudo do Real Madrid, Kenti Robles, Ivana Andres, Marta Cardona, Maite Oroz, Marta Corredera, Teresa Abelleira e Olga Carmona agregam não apenas qualidade e profundidade ao elenco, mas também um encaixe fino dentro das ideias trabalhadas na temporada anterior.

As defensoras Robles e Corredera permitem que o trabalho de pressão a portadora, realizado pelas laterais sobre as pontas rivais, seja mais forte. Ivana tem velocidade e leitura defensiva para ser a zagueira que sobe para buscar o bote e realizar desarmes numa zona mais avançada do campo e Cardona, Oroz, Abelleira e Carmona sobem o patamar do meio-campo.

Se antes, Kaci e Thaisa tinha que realizar um trabalho muito grande para apenas duas jogadoras, agora não faltam opções no setor para Aznar, todas com enorme qualidade técnica, bom passe, mas sobretudo com vitalidade para pressionar a equipe rival. Tere Abelleira e Maite Oroz tem um primeiro toque acima da média, circulam pelo centro do campo com enorme desenvoltura e possuem atributos que permitem ao time progredir dentro de campo, o que ajuda na ideia de construção em poucos toques trabalhadas na temporada anterior. Já Marta Cardona e Olga Carmona tem um outro perfil, do drible curto, da inteligencia para oferecer linhas de passe e isso aumenta a fluidez da equipe.

Pensando em toda essa construção e no modo como o treinador teve uma temporada para “testes”, enquanto ainda não era propriamente o Real Madrid que estava em campo, se torna compreensível a decisão de diretoria em renovar seu contrato e lhe dar chance de mostrar melhores resultados, agora que possui um elenco melhor qualificado. Existe uma ideia de jogo sendo trabalhada, no decorrer da temporada e com os reforços finais que chegarão ao clube, podemos ficar animados com o que vem por ai.

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