Estreante na Champions League, clube de região separatista representa um país não-oficial
Fotbal Club Sheriff, ou simplesmente Sheriff Tiraspol, é um clube da cidade de Tiraspol, na Moldávia. Apesar disso, o time tem fortes raízes separatistas, não desejando ser chamado de Moldavo.
Fundado em 4 de abril de 1997 por Victor Gusan, – um ex-policial (agente) da KGB com grandes influências políticas – , o clube logo se estabeleceu como a maior força local.
Gusan também é o fundador da empresa Sheriff, um conglomerado empresarial que possui como empreendimentos, grupo de segurança, canal de tv, partido político, petrolífera, supermercados, etc.
Não é difícil de imaginar que tal grupo também se interessaria assim em criar um clube de futebol, afinal, era exatamente o que faltava para a região.
A equipe possui uma estrutura espetacular, são três estádios: um deles coberto, para quando os jogos acontecem no inverno, muito rigoroso no leste europeu. Há também, um estádio para jogos nacionais e outro para jogos internacionais, da Europa League e Champions League. Existem também, diversos campos de treinamento no CT com os mais modernos equipamentos.
“Sheriff, o clube sem país” com sabor brasileiro
A cidade de Tiraspol é a capital da Transnístria, uma autoproclamada república socialista e independente da Moldávia. Com seus quase 160.000 habitantes, a cidade é, dessa forma, a segunda maior da Moldávia e se identifica com os valores da antiga URSS.
Por se tratar de um clube separatista, o Sheriff é considerado um time “sem país”, já que a região não é considerada como um país independente, apesar de possuir exército, moeda e canais próprios de tv. A Transnístria tem como língua oficial o Russo, diferentemente do resto da região, que fala Romeno.
Alguns jogadores históricos do clube são brasileiros, o maior artilheiro por exemplo, é o atacante Luvannor Henrique, que se naturalizou moldavo.
No atual elenco, três brasileiros reforçam a equipe de Tiraspol, são eles: o lateral esquerdo Cristiano (Ex-Volta Redonda), o lateral direito Fernando (ex-Botafogo) e o ponta-direita Bruno.
Hegemonia local e primeira vez na Champions
Em 1999, o clube recebeu sua primeira taça ao vencer a Copa da Moldávia. De lá pra cá são 19 títulos em 21 anos, um registro impressionante que demonstra o total domínio em sua região.
O Sheriff batia na trave em competições europeias, sendo eliminado na fase preliminar da Champions League. Mas esse ano, após vencer o Campeonato Moldavo pela 19ª vez, sofrendo apenas 7 gols em 36 jogos. Sendo assim, o clube alcançou a fase preliminar.
Para atingir a fase de grupos, foi preciso superar 4 equipes, entre elas, os tradicionais: Estrela vermelha e o Dínamo Zagreb.
Ao cair no grupo D na UCL deste ano, os estreantes foram considerados a quarta força, coincidindo com Shakhtar Donetsk, Inter de Milão e Real Madrid.
A primeira partida contra a equipe ucraniana surpreendeu ao terminar com a vitória do clube de Tiráspol por 2 a 0 com gols de Adama Traoré e Momo Yansáné. Agora, os “azarões” pretendem, assim, seguir fazendo historia na competição.
Em entrevista a revista ‘Placar’, o lateral Cristiano afirmou:
“A gente sabe que vai ser muito difícil, mas nada é impossível. Não foi a toa que chegamos até a fase de grupos da Champions e nós queremos mais. Sabemos que podemos fazer diferença na competição”.
É com essa mentalidade que o time entra em campo para enfrentar o Real fora de casa, em uma partida que seus fãs jamais esquecerão.
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