Com Rüdiger e sem Kroos, Alemanha divulga convocados

O treinador Hans-Dieter Flick divulgou os 26 jogadores que defenderão a Seleção Alemã na Copa do Mundo

O treinador Hans-Dieter “Hansi” Flick divulgou nesta quinta-feira (10) a lista de 26 jogadores que irão defender a Seleção Alemã na Copa do Mundo do Qatar. A lista conta com a presença de Rüdiger, que deve ser o titular da zaga da Alemanha, mas sem Toni Kroos, que se aposentou da Seleção. Além disso, a “Mannschaft” conta com outros nomes de classe mundial, e deve chegar ao Qatar como uma das favoritas.

Curiosamente, o treinador Hansi Flick é uma das novidades na Seleção Alemã. Flick assumiu a Mannschaft em 2021, logo após a Eurocopa, e mal completou um ano à frente do time. O plano inicial da Federação Alemã de Futebol (DFB, na sigla em alemão) era que Joachim “Jogi” Löw conduzisse o ciclo inteiro, mas uma rápida deterioração da qualidade de jogo da Seleção obrigou que os dirigentes da DFB o substituíssem por Flick. Curiosamente, Hansi é apenas o décimo treinador da história da Seleção Alemã, que tem um histórico de manter seus treinadores por muito tempo.

Apesar de ter um dos trabalhos mais curtos entre os 32 técnicos das seleções da Copa, Hansi Flick já é um velho conhecido de vários jogadores. Ele foi o auxiliar de Joachim Löw na Copa de 2014 vencida pela Alemanha e, assim, já conhece várias figuras carimbadas do time, como Neuer e Müller.

No entanto, seu maior contato com os jogadores veio em seu último trabalho: Flick comandou o Bayern de Munique de 2019 a 2021. À frente do clube bávaro, o treinador conquistou a tríplice coroa em sua primeira temporada. Na segunda, o Bayern conquistaria mais uma vez o Campeonato Alemão, além de alcançar as quartas de final da Champions. Desse modo, Flick trabalhou com a maioria dos jogadores da Seleção, principalmente do meio para frente.

Ausências e desfalques

A Alemanha foi uma das seleções que mais sofreu com as lesões dos jogadores antes da Copa do Mundo. O primeiro desfalque foi de Florian Wirtz, jovem meia que está fora dos gramados desde a temporada 2021/2022, com uma lesão séria no ligamento. Timo Werner foi um desfalque mais recente, com uma lesão no tornozelo no começo de novembro. Assim, a Seleção Alemã perde sua opção mais consolidada para o centro do ataque.

No entanto, a ausência mais comovente é a de Marco Reus. O habilidoso meia do Borussia Dortmund conviveu com lesões ao longo de toda a sua carreira, e a Copa de 2022 será o quarto torneio oficial de seleções que Reus perderá por lesão. Marco já foi desfalque das Euros de 2016 e 2020, além da Copa de 2014.

No entanto, nem todas as ausências relevantes da lista foram por lesão. O zagueiro Hummels e, principalmente, o ala Gosens surpreenderam ao ficar fora por opção técnica. Além disso, o meio-campista Max Arnold também não figurou na lista por opção de Hansi Flick. Por fim, a ausência mais relevante foi a de Toni Kroos: o meia do Real Madrid se aposentou da Seleção Alemã em 2021, logo após a Eurocopa. Houve um movimento dentro da DFB para tentar convencê-lo a voltar, mas Kroos manteve sua decisão e não jogará a Copa do Mundo.

Surpresas, novidades e obviedades: no fim, uma lista equilibrada

As surpresas na lista de Hansi Flick começam na linha de defesa. Armel Bella-Kotchap, jovem zagueiro do Southampton, conquistou seu lugar no elenco e, desse modo, tirou o veterano Hummels da lista. Na lateral-esquerda, Christian Günter tomou o lugar de Gosens e deverá ser o reserva de David Raum na posição. A lateral-direita é a maior dúvida do elenco e, por isso, Flick convocou Klostermann, que está lesionado desde agosto. No entanto, o jogador pode não se recuperar a tempo; nesse caso, um zagueiro ocuparia a posição.

Do meio para frente, porém, são onde as maiores surpresas aconteceram. Sem Werner, a Seleção Alemã perde sua principal opção para o centro do ataque. Frente a esse problema, Hansi Flick convocou dois centroavantes de características diferentes. O primeiro foi o jovem Youssoufa Moukoko, do Borussia Dortmund, que completará 18 anos no dia da estreia da Copa do Mundo, O segundo foi Niclas Füllkrug, atacante do Werder Bremen. Além disso, o atacante Adeyemi, também do Borussia Dortmund, é outra novidade na lista.

Por fim, a grande surpresa da lista é Mario Götze. O meia-atacante era a grande promessa do país na primeira metade da década passada e até marcou o gol do título da Copa de 2014. No entanto, Götze começou a sofrer de Miopatia, uma doença muscular degenerativa, e acabou perdendo espaço na Seleção Alemã e nos melhores clubes da Europa. Götze disputou seu último jogo pela Mannschaft em 2017. No entanto, suas passagens recentes por PSV e Eintracht Frankfurt o levaram de volta à Seleção.

A Alemanha, no entanto, se destaca por ter uma “espinha dorsal” bem definida de jogadores de classe mundial. Neuer, goleiro histórico, será o titular e capitão. Na linha de defesa. Rüdiger assumiu nos últimos anos o status de um dos melhores zagueiros do mundo. Kimmich e Goretzka, pilares do Bayern, comandarão o meio de campo. Por fim, a Alemanha tem nomes como Müller, Gnabry, Sané, Musiala e Havertz para o ataque.

Confira a lista de convocados

Goleiros: Manuel Neuer (Bayern de Munique/ALE); Marc-André Ter Stegen (Barcelona/ESP); Kevin Trapp (Eintracht Frankfurt/ALE);
Zagueiros: Antonio Rüdiger (Real Madrid/ESP); Armel Bella-Kotchap (Southampton/ING); Matthias Ginter (Freiburg/ALE); Nico Schlotterbeck (Borussia Dortmund/ALE); Niklas Süle (Borussia Dortmund/ALE); Tilo Kehrer (West Ham/ING);
Laterais: Christian Günter (Freiburg/ALE); David Raum (RB Leipzig/ALE); Jonas Hoffman (Borussia M’Gladbach/ALE); Lucas Klostermann (RB Leipzig/ALE);
Meio-campistas: Ílkay Gündoğan (Manchester City/ING); Jamal Musiala (Bayern de Munique/ALE); Joshua Kimmich (Bayern de Munique/ALE); Julian Brandt (Borussia Dortmund/ALE); Kai Havertz (Chelsea/ING); Leon Goretzka (Bayern de Munique/ALE); Mario Götze (Eintracht Frankfurt/ALE); Thomas Müller (Bayern de Munique/ALE);
Atacantes: Karim Adeyemi (Borussia Dortmund/ALE); Leroy Sané (Bayern de Munique/ALE); Niclas Füllkrug (Werder Bremen/ALE); Serge Gnabry (Bayern de Munique/ALE); Youssoufa Moukoko (Borussia Dortmund/ALE);

Como vai jogar a Alemanha?

A Seleção Alemã vai ao Qatar com algumas incertezas, como uma transição de geração que levanta dúvidas, troca de treinador e problemas táticos. A Alemanha caiu no grupo E e não terá uma vida fácil, pois enfrentará Espanha, Japão e Costa Rica. Aliás, a Seleção Espanhola chegou a golear a Alemanha por 6 a 0 pela Nations League em 2020, quando a Mannschaft ainda era comandada por Joachim Löw.

A Seleção Alemã, porém, ainda tem vários jogadores de classe mundial, além de um dos melhores treinadores do mundo. Hans-Dieter Flick fez um trabalho histórico no Bayern de Munique e se tornou o primeiro treinador a conquistar todos os títulos possíveis em uma temporada desde Pep Guardiola, em 2009 e, por isso, talvez seja o melhor técnico de uma seleção atualmente.

Mais importante que o status de Flick, porém, é o que ele traz à Seleção Alemã. A principal crítica ao trabalho de Joachim Löw era que o time de Jogi era lento ao atacar e apático ao defender, permitindo muitos contragolpes e sem mostrar aquela característica de “rolo compressor” que os times de 2010 e 2014 tinham.

Flick, por sua vez, transformou o Bayern de Munique justamente por dar ao time uma intensidade fora do normal. O Bayern de Flick era um time que era implacável sem a bola e avassalador sem ela: um típico “rolo compressor”, que marcava em uma pressão alta muito intensa e atacava “passando por cima” de seus adversários. Assim, Flick deve imprimir à Alemanha a intensidade que faltou nos últimos anos de Löw.