Buscando espaço no time titular, Gareth Bale e Eden Hazard iniciam temporada em situações parecidas
Gareth Bale e Eden Hazard vivem situações parecidas neste momento e chegam para novo desafio sob o olhar desconfiado do madridismo que se pergunta: são uma opção real?
Não é novidade que a situação de Bale no Real Madrid piorou muito desde a polêmica bandeira do País de Gales com os dizeres: “Gales-Golfe-Madrid nessa ordem”. O episódio, visto como um desrespeito pela maioria dos madridistas, foi o auge da tensão entre o jogador e o então treinador dos merengues, Zinédine Zidane.
Após o ocorrido, a relação entre atleta e comissão técnica ficou insustentável, com direito a duras críticas do agente de Gareth (Jonathan Barnett) a Zidane, a quem acusou de ser ingrato ao jogador.
Bale passou uma temporada cedido ao Tottenham, onde apesar de não render o esperado, teve bons números, chegando a marcar 11 gols e distribuir 2 assistências em 20 jogos pelo time na Premier League. No total, o atacante terminou a temporada 20/21 com 34 jogos, 16 gols e 3 assistências. Atuando como um jogador polivalente, foi importante em vários setores, chegando a jogar até mesmo como falso 9.
Já Eden Hazard, teve mais uma temporada muito abaixo do esperado, com lesões e problemas físicos que arrasta desde sua chegada ao clube. O jogador pouco acrescentou, atuando em apenas 21 jogos na temporada, o atleta marcou 4 gols e distribuiu apenas uma assistência. Os dados também mostram que o atleta completou menos da metade (dados do Transfermakt) dos jogos que disputou, ficando em campo apenas 896 minutos dos 1.890 que supõem essas 21 partidas.
Mudanças no comando técnico e novas oportunidades
Com a saída de Zidane, maus resultados e mais de 60 lesões em uma mesma temporada, o clube precisou reestruturar toda sua comissão técnica, apostando mais uma vez pelo experiente e já conhecido, Carlo Ancelotti. O primeiro pedido de Carlo foi o retorno do preparador físico Antonio Pintus, vindo de um excelente trabalho na Inter de Milão.
A ótima relação do técnico italiano com o atacante Bale trouxe alguma esperança aos madridistas, que sendo assim, esperam uma melhora no futebol do atacante.
Embora a parte física ainda seja motivo de preocupação, com os novos métodos de treinamento, vários jogadores demonstraram uma importante melhora na parte física, especialmente Hazard, que iniciou a temporada 21/22 visivelmente mais magro e em forma.
Neste início de temporada, Ancelotti se mostrou aberto a dar oportunidades aos dois jogadores, visando recuperá-los. Em suas melhores versões, são atletas excepcionais, afirmou o treinador italiano.
Variações táticas
Uma das maiores dificuldades encontradas pela comissão técnica é encontrar a posição ideal para os dois atletas. Bale começou a temporada jogando como ponta direita, mais aberto como nos tempos de trio BBC, portanto, conhece a posição e suas necessidades.
O desafio para o galês é fazer o papel tático, ajudar na recomposição defensiva pelas alas e conseguir manter um bom ritmo durante os 90 minutos. Por ser polivalente, o atleta pode atuar como ala, ponta-direita, ponta-esquerda, segundo atacante e até mesmo de falso nove.
Ancelotti por sua vez, gosta do esquema com dois pontas velozes que voltam para marcar e fecham bem os espaços, mas também pode utilizar o 4-4-2 e ainda um 4-5-1 ou um 3-5-2 com esses mesmos jogadores.
Encaixes de Bale e Hazard
Não é difícil imaginar um time com Bale aberto pela direita e Hazard pela esquerda, mas como encaixar dois jogadores com problemas físicos recorrentes em uma equipe de muita intensidade?!
O bom início de temporada de Hazard trouxe esperanças de ver finalmente a melhor versão do belga com a camisa do Real Madrid. Em campo pelos merengues, o atacante demonstrou estar fisicamente bem e mais seguro para tentar dribles e jogadas que não vinha conseguindo completar.
Devido a sua grande capacidade técnica, Eden Hazard é um desses jogadores capazes de render como camisa 10, criar a jogada e aparecer para finalizar, como visto em sua mais recente partida pela seleção da Bélgica.
Com grande consciência tática, o atleta pode atuar como o jogador na ponta do losango em um esquema com 4 jogadores de meio e dois atacantes, semelhante ao utilizado por Zidane em 2016. Enquanto segundo atacante, poderia ajudar Karim Benzema e ser um tormento para a zaga adversária.
Gareth Bale tem como pontos fortes, o disparo de média distância, o jogo aéreo e a velocidade no terço final do campo, experiente, o jogador tem grande capacidade de associação e busca o gol sempre.
O encaixe destes dois dependerá muito de suas respectivas condições físicas e mentais. A nível técnico, são indiscutíveis, mas geram no torcedor o receio de uma perda na intensidade do time em campo, especialmente na transição defesa/ataque, um dos principais problemas da temporada passada.
Análise e Dilemas
Parece difícil imaginar os dois em campo ao mesmo tempo sem que haja um meio-campo muito intenso que ajude na recomposição defensiva, ao mesmo tempo que cria oportunidades pra que Bale e Hazard tenham as condições ideais para atuar.
Cobrar desses dois jogadores um alto nível de entrega física durante os 90 minutos, apesar da melhora física apresentada por ambos, é pouco ou nada realista.
Outro ponto preocupante é a utilização desses jogadores em detrimento de Vinícius Júnior e Rodrygo Goes, jovens que estão em franca evolução, e portanto, necessitam de tempo em campo para continuar sua progressão natural.
Uma dor de cabeça boa para o técnico Ancelotti que conta certamente com muito talento neste ataque e pode finalmente montar times diferentes para cada tipo de adversário.
Confesso que gostaria muito de ver Hazard jogando mais adiantado, próximo a Benzema quase como um segundo atacante, mais livre, mais leve, jogando em uma linha reta em direção ao gol. Vimos isso em sua última temporada pelo Chelsea, onde teve números espetaculares 21 gols e 17 assistências em 52 jogos, sendo portanto, fundamental para a equipe inglesa.
Fica também aquela curiosidade para ver uma possível “equipe B” do Madrid, com Bale e Jovic no comando do ataque, jogadores que em minha modesta visão, se complementam.
Com o expresso de Cardiff e o capitão da seleção belga, temos jogadores espetaculares, mas que precisam mostrar que podem ser algo próximo do que se espera de atletas desse nível.
A única certeza é que estamos diante da última oportunidade para esses dois jogadores e esse gigantesco trem chamado Real Madrid não espera por nenhum passageiro.
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